Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais uma news do Clima.
A curadoria mensal de conteúdos, divagações e cutucos pra gente não desistir e se interessar mais pelo que acontece fora do nosso umbigo.
Nessa edição: reflexões sobre nossos encontros sobre felicidade, referências pra ver/ler quando der e a divulgação do nosso próximo encontro, que vai ser uma conversa sobre o documentário Take Your Pills:
Ah, as palavras em laranja são clicáveis, sempre bom avisar.
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Se vocês acompanham o Clima por alguma plataforma, já sabem que o título é só um clickbait, porque embora uma lista de boas práticas e resoluções fáceis pra problemas cascudos seja bem atraente, no fundo a gente sabe que não funciona tanto não.
O instagram meio que nos tornou sedentas/os por consumir conteúdos que nos tragam algum conforto via práticas individuais de auto aperfeiçoamento, afinal, tá pesado demais - cansaço, notícias trágicas, covid, brasil. Fora os sofrimentos cotidianos e a sensação de desesperança e que não temos saída: o jeito é aceitar a realidade e lidar com ela como se pode.
Nos 2 encontros que rolaram nesse mês sobre o livro Happycracia, tentamos desnaturalizar o nosso entendimento do que é uma vida feliz e também pensar em como chegamos até esse estado.
A ideia de positividade se infiltrou em todos os aspectos da vida, e o trabalho é um lugar no qual de alguma forma, somos mais valiosas/as quando apresentamos características tais como: otimismo, flexibilidade, resiliência, autonomia, “inteligência emocional”, dentre outras que não são um problema em si, mas podem ser questionáveis quanto o intuito não é sermos melhores cidadãs/os, mas sim seres mais produtivos.
Mas pra não terminar só na angústia, falamos também sobre alternativas que podem nos inspirar de alguma maneira - outras formas de viver, e consequentemente, de compreender a felicidade de uma maneira totalmente diferente, não tão autocentrada, mas co-dependente (no bom sentido).
Para quem não conseguiu assistir aos encontros, na comunidade do Clima você consegue encontrar as gravações bem como materiais complementares.
A moral da história é: a ideia de uma vida feliz é socialmente e historicamente construída, e necessitamos de condições básicas para alcançarmos um bem-estar (e a maior parte delas não depende apenas de nós).
Olhar pra dentro é importante porque nos cabe responsabilidade para agir e entender como impactamos e lidamos com a realidade, mas se ficarmos numa pegada na qual só conseguimos olhar para nós individualmente, acabamos por internalizar culpas e deixando de ver o impacto que as questões estruturais têm nas nossas vidas.
Dando continuidade ao ciclo sobre saúde mental, nosso próximo encontro vai ser com os psicólogos Luciano Lobato e Flávia Albuquerque, que possuem uma perspectiva crítica sobre as principais abordagens hoje na psicologia e vamos debater com eles o documentário Take Your Pills, que conta sobre o uso de medicações para TDAH para aumentar a produtividade e como a indústria do bem-estar sempre vai dar um jeito de nos fazer sentirmos inadequada/os para podermos consumir cada vez mais seus produtos.
O documentário está disponível na Netflix.
O encontro acontecerá no dia 06 de julho, quarta-feira, às 19h30 nesse link do zoom.
Como não queremos encher a caixa de email de vocês, não vamos avisar novamente por aqui, mas você pode clicar no botão abaixo para marcar na agenda ou também acompanhar o insta ou a comunidade do Clima.
// O tema do aborto está com tudo, e vendo o retrocesso de políticas públicas nesse sentido, vale a gente se informar. Nesse vídeo (6 min), a socióloga Sabrina Fernandes fala sobre como podemos encarar o assunto e a sua importância. Nesse texto, a gente vê o quão embaixo é o buraco. Pra quem quiser ir mais fundo, vale ler os livros da Silvia Frederici.
// Para dar uma choradinha: esse episódio do Greg News sobre filhos, o último da temporada, dá alguns exemplos de porque a vida merece ser vivida, e como podemos trabalhar para deixar um mundo mais decente (tendo filhos ou não).
// Já ouviram falar na quadrinista Liv Stromquist? Ela tem duas HQs lançadas por aqui que vale muito ler: A Origem do Mundo e A Rosa Mais Vermelha Desabrocha. Essa última foi lançada no ano passado e mostra de maneira bem divertida o tema bem deprê que é a nossa dificuldade em nos apaixonar hoje em dia e como o capitalismo transforma as nossas relações, misturando cultura pop, sociologia e história para traduzir ideias complexas que estão no nosso dia a dia.
// Esse episódio do Mano a Mano com a Sueli Carneiro tá demais. Uma das principais intelectuais referência do movimento negro que todo mundo precisa ouvir.
// Esses dias vi o filme Velvet Goldmine (HBO), baseada na cena glam dos anos 70 na Inglaterra (David Bowie, Roxy Music, T. Rex, etc) e a trilha sonora é boa demais pra dar aquela animada, achei aqui.
// Se você ainda não viu a série The Wire, veja. É dos anos 2000, quando a gente não era viciada/o em série, e segue atual demais em mostrar as entranhas do poder e porque de fato certos problemas não são resolvidos pelo poder público.
// Para quem estiver em São Paulo, até o dia 02 de outubro está rolando a exposição do artista sergipano Bispo do Rosário, considerado louco e marginal, foi internado grande parte de sua vida em manicômios. Gratuito, no Itaú Cultural.
// Esse site aqui te ajuda a encontrar o seu próximo livro. O What Should I Read Next usa o algoritmo para recomendar obras de acordo com o autor/livro que você curtiu. É em inglês mas tem autores brasileiros também.
Soltando a ideia por aqui pra ver se vale a pena agitar:
Porque a maior parte dos assuntos aqui são bons pra papear em mesa de bar (mas não necessariamente com álcool), e confesso que a vida virtual cansa.
Até o mês que vem :)